sábado, 21 de setembro de 2013

5 garfos

hoje eu fiquei pensando sobre tudo que aconteceu.
reli cada palavra de cada registro que tivemos.
às vezes penso em tentar acabar com esse silêncio
mas não sei o quanto isso é perigoso
ainda mais pra você, nessa situação de ter um valente
ainda mais pra mim, nessa situação de caos e cabelos ao chão

há dias que penso: se for pra ser será
há dias que penso: qual é o seu novo endereço?
há dias que penso: será que agora sou a semente que tiraram da terra pra não germinar? e não virar flor pra você não se preocupar

é como tomar água e a garganta não deixar engolir
lembro-me de escrever tonéis de água
depois de ler o pequeno livro embutido no capim

aqui deixo meus tonéis de 2011:

Queria dizer todos os dias
como eu me sinto
não pelo ego
é só mais um dos mil motivos
pra me deparar com o menino envergonhado
ou o náufrago
ou o dono dos relógios derretidos
derretendo
derrete o desespero
queima
solidifica na pele

eu, você
platéia
que nada por volta das ilhas que nos prende
que nos faz derreter
e secar
separadamente

sem poder ter olhos,
sorrisos,
beleza,
água

suspiro
concentro-me, foco
mais uma foto,
não tão colorida
nem tão poética
mas é uma foto
sou eu
sub exposta
na sombra das árvores
que agora folhas desprendem-se
mais perto
do que janeiro passado

não vou desistir de tentar
seja para qualquer lírio ou rosa

sinto-me no centre pompidou
rodeada por todos
rodeada por ninguém
mas o livro estava em mãos,
sendo escrito, mesmo sendo uma
palavra
ao
dia
mas estava

palavras-flashes

do outro lado do marca-página
do outro lado da fenda
caiu pedregulhos
além do sol verde do meio-dia

eu escrevi o tempo todo
dentro de mim
mesmo com todas as luzes da Torre Eiffel
eu estava apagada
em todas as fotografias

ainda chove
aos poucos
e por isso fico feliz
mesmo enrolada por cobertores
sozinha
ou com gelo na ponta do nariz

nesses ultimos cliques
algo sufocou-me
por dois segundos
tentou me quebrar,
me levar o coração de vez
meu avô,
não é querer ser puro drama
mas tantaros
está prestes a lhe dar uma flechada
e isso me dói o coração só de pensar

quando ele se for,
não sei se vou vê-lo
quero lembrar só dos sorrisos
e então fechar a tampa da lente.

todos os dias olho pros 5 garfos na minha paede
tento achar ali respostas e conselhos pras minhas dúvidas
às vezes é um ok sutil ou um impulsivo fuck you

já não sinto todo o sensor do foco
a torneira se abriu nessa época
quase afoga a câmera, mas chegaram a tempo de salvá-la
de me salvar

eu tenho pensado
eu tenho dormido
adormecida
sonhos
parece estar tudo sob controle

mas como dois náufragos que nadam juntos,
se um não está bem
o outro também não está

a caixinha já está quase transbordando de mata-saudade
mas não me canso de abrí-la sempre
assim como reler cada sílaba e entrelinhas
do dono do relógio derretido

É TUDO TÃO
fico às vezes tonta
mas não me importo de ficar alí
debaixo da árbore
esperando chegar da maré
o náugrafo sobrevivente
na exposição correta.


y.

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